24 de novembro de 2009

Destaques do grafite nacional invadem o Masp

O Museu de Arte de São Paulo (MASP) recebe pela primeira vez a arte das ruas, que invadiu as galerias com grafites para romper os preconceitos em torno de uma expressão "marginal e sempre mal vista", segundo os próprios artistas.

Na exposição "De dentro para fora, de fora para dentro", inaugurada nesta sexta-feira (20), seis brasileiros saíram dos muros para mostrar seu trabalho em um dos museus mais reconhecidos da América Latina, que em 63 anos de existência jamais recebeu este tipo de expressão.

"São artistas muito ricos em linguagem, pertencem a mesma geração, mas têm estilos muito distintos", explica Baixo Ribeiro, curador da exposição.



A ideia do projeto foi integrar em uma mesma sala seis estéticas diferentes de arte das ruas para ocupar este espaço em branco.

Com esta exposição a "arte da rua adquire mais reconhecimento" entre o público brasileiro e permite "romper os preconceitos de uma arte marginal e que sempre foi mal vista", diz Zezão, que apresenta grafites, fotografias e uma instalação com vídeo.

A especialidade de Zezão são as redes de drenagem e esgotos da cidade, que grafita e depois volta para observar como seu trabalho se integrou ao ambiente e passou a fazer parte dele.

Apesar de expor na Europa e no Canadá, "porque é preciso viver de algum trabalho", Zezão diz que sua arte de rua é um presente ao povo: "na galeria a arte se vende, nas ruas ela é dada".

De fato, a arte de rua é uma corrente que exige uma certa sensibilidade do artista para se relacionar com o público, porque "se grafita uma parede e alguém não gosta, no dia seguinte o trabalho desaparece", explicou Ribeiro.


Titi Freak leva ao extremo sua proposta e combina a desordem das ruas com a estética disciplinada dos japoneses, com grandes rostos geométricos em negro, vermelho e branco.

Trata-se de "um pintor gestual, pinta muito com o corpo", diz Ribeiro sobre a técnica de trabalho de Titi.

Já Ramón Martins apresenta um desenho rebuscado e complexo, um quebra-cabeças gigante que sai da parede e se estende como uma longa mancha pelo chão, de forma sinuosa.

As caveiras e as cruzes com estruturas geométricas são o fetiche de Stephan Doitshinoff, que montou uma instalação em forma de "capela", com Bíblias abertas que mostram o caminho para o altar e uma cruz central com Jesús pintado com espinhos por quase todo o corpo.

Segundo Baixo Ribeiro, o estilo das ruas vem para satisfazer uma nova gama de consumidores que já não se sente atraída pela arte limpa e nítida. "O público jovem procura uma coisa mais suja", explica.

E é este novo público que o MASP, que possui a maior coleção de arte europeia da América Latina, quer agregar aos seus 2.500 visitantes diários

G1

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