25 de setembro de 2009

Metrôs de São Paulo viram galerias de arte pop








Ninguém é imune à cultura de massa, aos apelos da televisão, do consumo, da publicidade. Mas quem, no meio da correria de uma megalópole como São Paulo, para pra pensar sobre o bombardeio de informações da sociedade de consumo? Legisladores, artistas, filósofos e, claro, publicitários. Rodrigo Lima, de 34 anos, é um desses. Com a diferença que ele resolveu "dar a cara a tapa", em suas próprias palavras, e convidar toda a população a participar da reflexão.

A partir de agosto, trabalhos do artista plástico e publicitário ilustram a estação Vila Madalena do metrô. De lá, seguem para São Bento (setembro e outubro), Clínicas (novembro e dezembro) e Tucuruvi (janeiro de 2010). A exposição itinerante, chamada Pop-Brasil, "é um convite à reflexão sobre a publicidade", promete Lima. "Não é aquela coisa massificante da publicidade, que fica martelando a cabeça das pessoas". É uma abordagem artística de signos consagrados de consumo no Brasil como Havaianas, Pelé, Sílvio Santos, Elis Regina.



















Uma pop art brasileira, feita nos moldes gringos - com um pouco menos de fervor crítico, há que se dizer. "Não é só uma questão de criticar: minha ideia é também mostrar coisas bonitas que existem por trás desses símbolos", diz Lima, dono de uma agência. Também pudera! Seria esquisito o cara vender publicidade durante o dia e atacar a sociedade de consumo nas horas vagas. O problema é que não criticar pode significar endossar e, aí, ele corre um risco sério: a Lei Cidade Limpa, sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab em 2007, proíbe a exposição de outdoors pela cidade. E um painel das sandálias Havaianas de 4 por 2 metros - como o que ficará exposto na Estação Clínicas - é o quê?

O artista se defende com o movimento de Warhol, Lichtenstein e companhia: "A pop art se apropria de bens de consumo que ficam no inconsciente popular. Só que eles são vistos pelo ponto de vista da arte, não da publicidade". Cabe à prefeitura interpretar e, quanto a isso, Rodrigo Lima é otimista. "Por parte do metrô, o projeto foi super bem-vindo. Mas se precisar, eu explico que não tive a intenção de vender produtos". O fato é que, bem ou mal aceita, a exposição deve cumprir com seu objetivo inicial: convidar o povo a refletir sobre sua vida na sociedade de consumo. Se não também, tudo bem, garante o artista: "As pessoas não têm que ter uma resposta de bate-pronto para aqulio". Para ele, essa exigência velada de um conhecimento prévio afasta a população da arte. "Uma exposição em galeria inibe a pessoa e, por causa dessa inibição, ela deixa de participar da arte. A gente deveria mudar esse ponto de vista e deixar a arte mais democrática". Expor no metrô de São Paulo, que recebe cerca de 2,5 milhões de passageiros por dia, é um belo ponto de partida.

Serviço O quê: Exposição Pop-Brasil, de Rodrigo Lima
Quando: Inauguração em 10 de agosto (Vila Madalena)
Onde: Estações Vila Madalena (agosto), São Bento (setembro e outubro), Clínicas (novembro e dezembro), Tucuruvi (janeiro de 2010)

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